Organização social das formigas
Embora nem todas as
espécies de formigas construam
formigueiros, muitas fazem autênticas obras de
engenharia, normalmente
subterrâneas, com um complexo sistema de túneis e câmaras com funções especiais – para o armazenamento de alimentos, para a rainha, o “berçário”, onde são tratadas as
larvas, etc.
As sociedades das formigas são organizadas por divisão de tarefas, muitas vezes chamados
castas. As tarefas podem ser distribuídas pelo tamanho e/ou pela idade do indivíduo.
A função da
reprodução é realizada pela rainha e pelos machos. A reprodução é feita pelo voo nupcial. A rainha vive dentro do formigueiro, é maior que as restantes formigas, perde as asas depois de
fecundada e durante toda a sua vida põe ovos. Os machos aparecem apenas quando é necessário fecundar uma nova rainha, o que acontece durante um voo em que participam milhares de
fêmeas e
machos alados; depois da fecundação, os machos não são autorizados a entrar no formigueiro e geralmente morrem rapidamente.
As restantes funções – procura de
alimentos, construção e manutenção do formigueiro e sua defesa – são realizadas por fêmeas (que não possuem asas, para maior mobilidade no formigueiro)
estéreis, as obreiras. Em certas
espécies, as obreiras que realizam as diferentes funções estão também divididas em castas. Normalmente, as que se ocupam da defesa – ou para o ataque, uma vez que algumas espécies são
predadoras de animais que podem ser maiores que elas – têm as peças bucais extremamente grandes e fortes.
Existem também outras 2 funções: a de operário e a de soldado. As operárias tomam conta da cria (ovos, larvas e pupas), fazem a limpeza do formigueiro e coletam o alimento. Já as formigas soldados guardam a entrada do formigueiro sem descanso.
Desenvolvimento
As pequenas formigas desenvolvem-se por
metamorfoses completas, passando por um estado
larvar equivalente à
lagarta dos outros insectos e pelo estado de
pupa. A larva não tem
pernas e é
alimentada pelas obreiras por um processo chamado
trofalaxia, no qual a obreira
regurgita alimentos por ela
ingeridos e
digeridos. Os
adultos também distribuem alimento entre si por este processo. As larvas e pupas precisam de temperatura constante para se desenvolverem e, por isso, são transferidas para câmaras diferentes, de acordo com o seu estágio de desenvolvimento.
A [diferenciação] em castas é determinada pelo tipo de alimento que recebem nos diferentes estados larvares e as mudanças morfológicas que caracterizam cada casta aparecem abruptamente.
Comportamento das formigas
Comunicação
As formigas se comunicam geralmente por uma química chamada
feromonas, esses sinais de mensagens são mais desenvolvidos na espécie das formigas que em outros grupos de
himenópteros. Como as formigas passam a vida em contato com o solo, elas deixam uma trilha de
feromônio que pode ser seguida por outras formigas. Quando uma obreira encontra comida ela deixa um rastro no caminho de volta para a colônia, e esse é seguido por outras formigas que reforçam o rastro quando elas voltam à colônia. Quando o alimento acaba, as trilhas não são remarcados pelas formigas que voltam e o cheiro se dissipa. Esse comportamento ajuda as formigas a se adaptarem à mudanças em seu meio. Quando um caminho estabelecido para uma fonte de comida é bloqueado por um novo obstáculo, as obreiras o deixam para explorar novas rotas. Se bem sucedida, a formiga retorna e marca um novo rastro para a rota mais curta. Trilhas bem sucedidas, são seguidas por mais formigas, e cada uma o reforça com mais
feromônio (as formigas seguirão a rota mais fortemente marcada). A casa é sempre localizada por pontos de referência deixados na área e pela posição do sol; os olhos compostos das formigas têm células especializadas que detectam
luz polarizada, usados para determinar direção. As formigas usam feromônio para outros propósitos também. Uma formiga esmagada emitirá um alarme de feromônio, o qual em alta concentração leva as formigas mais próximas a um furor de ataque; e em baixa concentração, as atrai. Para confundir inimigos, várias espécies de formigas também usam feromônios, que os fazem lutar entre eles mesmos
Como outros
insetos, as formigas sentem o cheiro com longas e finas antenas. As antenas têm como cotovelos ligados ao primeiro segmento alongado; e visto que vêm em pares-como visão binocular ou equipamento de som estereofônico elas obtêm informações sobre direção e intensidade. Quando duas formigas se encontram, tocam as antenas e as feromonas que estiverem presentes fornecem informação sobre o estado de
alimentação de cada uma, o que pode levar à
trofalaxia, ou seja, uma delas
regurgita a comida para a outra. A rainha produz uma feromona especial que indica às obreiras quando devem começar a criar novas rainhas.
As formigas geralmente atacam e defendem-se ferroando, por vezes injectando compostos químicos no animal atacado, em especial, o
ácido fórmico.
Tipos de formigas
Há uma grande diversidade de formigas e dos seus
comportamentos:
- As formigas-correição, da América do Sul e da África, não constroem formigueiros permanentes e alternam entre uma vida nômade e a organização de abrigos temporários formados pelos corpos das obreiras. As sociedades reproduzem-se, quer por vôos nupciais, quer por divisão do grupo, em que um grupo de obreiras se separa e cava um ninho para criar novas rainhas. Os membros de cada grupo distinguem-se pelo olfacto e normalmente atacam outros intrusos.
- Algumas formigas atacam outros formigueiros, roubam as pupas e criam-nas como obreiras. Algumas espécies, como a formiga da Amazónia (por exemplo, Polyergus rufescens), tornaram-se totalmente dependentes destas obreiras, ao ponto de, sem eles, serem incapazes de se alimentar.
- As “formigas-pote-de-mel” criam obreiras especiais, cuja única função é armazenar comida nos seus próprios corpos para o resto do grupo, ficando geralmente imóveis, com grandes abdómens cheios de comida. Em locais secos, mesmo desertos, em África, América do Norte e Austrália, estas formigas são consideradas um “petisco” delicioso.
- As “formigas-tecelãs" (Oecophylla) constroem ninhos em árvores cosendo folhas, que juntam formando pontes de obreiras e depois cosendo-as com seda que obtêm de larvas criadas para esse efeito.
- As “formigas-cortadoras” dos gêneros Atta e Acromyrmex pertencem à tribo Attini, e vivem exclusivamente nas Américas, do norte da Argentina até o sul dos Estados Unidos. Ao contrário do que se pensa, as formigas não se alimentam ingerindo as folhas que cortam (mas podem ingerir exsudatos açucarados destas folhas). Alimentam-se do fungo que elas cultivam dentro do formigueiro. Elas possuem várias castas, com funções específicas na manutenção da colônia (operárias, soldados, operárias do jardim) . Umas cortam e/ou carregam folhas, flores e ramos, outras cuidam da limpeza e da defesa da colônia, e outras ainda do cultivo do fungo e do cuidado com os filhotes, chamados larvas. As formigas da casta das "jardineiras", cortam as folhas e, ao fazê-lo, aproveitam para se alimentarem da seiva exudada. Estas folhas são carregadas para o interior do formigueiro, onde formigas de outra casta se encarregarão de triturá-las para o cultivo de um fungo de cor branca, base da sua alimentação. O fungo supre as necessidades alimentares de todas as formigas que vivem exclusivamente dentro do formigueiro, como as larvas, e da rainha. Esta, por sua vez, se encarrega de colocar os ovos durante toda a vida e, através de seus descendentes, perpetua a colônia. São conhecidas 14 espécies de formigas cortadeiras do gênero Atta e mais de 25 espécies do gênero Acromyrmex.
Relações das formigas com outros organismos
Algumas espécies de
afídeos segregam um líquido doce que normalmente é desperdiçado, mas as formigas recolhem-no e, ao mesmo tempo, protegem os afídeos de
predadores e chegam a transportá-los para locais com melhor comida.
Uma
relação parecida existe com as
lagartas mirmecófilas (“amigas das formigas”) que são criadas por algumas formigas. Estas levam-nas a “pastar” durante o dia e recolhem-nas ao formigueiro à noite. As lagartas têm uma
glândula que segrega igualmente um líquido doce que as formigas “mungem”, massageando o local onde está a saída da glândula.
Ao contrário, existem lagartas
mirmecófagas (que comem formigas): estas lagartas segregam uma
feromona que faz as formigas pensarem que a lagarta é uma das suas larvas, levam-nas para o formigueiro, onde as lagartas se alimentam das larvas das formigas.
Humanos e formigas
Um tipo de formiga doméstica que costuma formar seu ninho em
eletrodomésticos como
vídeo cassete ou
computador por causa da temperatura, podendo muitas vezes danificá-los. Elas costumam habitar partes ocas na parede da casa.
As formigas são úteis porque podem ajudar a exterminar outros
insetos daninhos e a aerificar o
solo. Por outro lado, podem tornar-se uma
praga quando invadem as casas, jardins e campos de cultivo. As “formigas-carpinteiras” destroem a madeira furando-a para fazer os seus ninhos.
Algumas espécies, chamadas “formigas-assassinas”, têm a tendência de atacar animais muito maiores que elas, quer para se alimentarem, quer para se defenderem. É raro atacarem o homem, mas podem dar picadas muito dolorosas e, se forem em grandes números, podem causar dano permanente ou matar por
alergia grave.
As formigas encontram-se em muitas
fábulas e histórias infantis da
cultura ocidental, representando o trabalho e esforço
cooperativo, assim como
agressividade e espírito de vingança. Em partes de
África, as formigas são consideradas mensageiras dos
deuses. Algumas
religiões dos
índios norte-americanos, como os
Hopi, consideram as formigas como os primeiros habitantes do mundo. Outras usam picadas de formigas em
cerimônias de iniciação, como teste de resistência.
A maioria das espécies de formigas domésticas são altamente repulsivas ao
cravo, sendo este um bom agente para combater invasões.
Tempo de Vida
Desde a etapa em que são ovos, até se tornarem adultas, as formigas demoram entre 6 a 10 semanas. Em geral as operárias podem viver alguns meses, com algumas espécies podendo viver aproximadamente 3 anos. As rainhas vivem mais do que as operárias, sendo que a maior longevidade foi registrada na espécie
Pogonomyrmex owyheei, que atingiu uma idade de 30 anos. As formigas aparentemente vivem mais quando são alimentadas com o mel de rainha.
Subfamílias